Projeto de Instalação Elétrica Predial: mudanças entre as edições
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Linha 12: | Linha 12: | ||
*'''Especificações''': Descreve os materiais e componentes a serem utilizados; | *'''Especificações''': Descreve os materiais e componentes a serem utilizados; | ||
*'''Orçamento''': Descreve o levantamento de custos e quantidades dos materiais. | *'''Orçamento''': Descreve o levantamento de custos e quantidades dos materiais. | ||
==Símbolos utilizados== | |||
A '''simbologia''' para instalações elétricas no Brasil era baseada na norma da [[Mídia:NBR5444.pdf|ABNT NBR 5444/1989]]. Entretanto, esta norma foi '''cancelada''' em novembro de 2014 <ref>ABNT NBR 544/1989 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=4116</ref>, passando-se a utilizar a normatização internacional '''IEC 60417''' e '''[http://rvccelectricistas.com.sapo.pt/IEC_60617_SIMBOLOS.pdf IEC 60617]'''. | |||
Como os '''livros texto''' sobre '''instalações elétricas prediais''' ainda utilizam a normatização da ABNT NBR 5444, em nosso projeto elétrico esta simbologia poderá ser utilizada. | |||
====Exercício 1==== | ====Exercício 1==== | ||
Escolher '''planta baixa residencial''' de dois pavimentos para elaboração do projeto elétrico: | Escolher '''planta baixa residencial''' de dois pavimentos para elaboração do projeto elétrico: | ||
*Editar com '''AutoCAD''' e "limpar" a planta de detalhes que possam atrapalhar a visualização do projeto elétrico; | *Editar com '''AutoCAD''' e "limpar" a planta de detalhes que possam atrapalhar a visualização do projeto elétrico; | ||
*Imprimir cópia em papel no '''formato A3''' (no mínimo) para realizar o esboço do projeto. | *Imprimir cópia em papel no '''formato A3''' (no mínimo) para realizar o esboço do projeto. | ||
==Previsão de Cargas== | ==Previsão de Cargas== | ||
Linha 89: | Linha 90: | ||
Construir a tabela para cálculo da potência instalada. | Construir a tabela para cálculo da potência instalada. | ||
==Demanda de energia da instalação elétrica== | ==Demanda de energia da instalação elétrica== | ||
Linha 97: | Linha 97: | ||
;Conceitos: | ;Conceitos: | ||
*'''Potência instalada ( | *'''Potência instalada (P<sub>instalada</sub>)''': É a soma das '''potências nominais''' prevista para ser atendida pelos circuitos da instalação. | ||
*''' | *'''Potência utilizada (P<sub>utilizada</sub>)''': É a somas das potências elétricas nominais dos equipamentos utilizados simultaneamente. | ||
*'''Fator de Demanda''': É a relação entre a | *'''Fator de Demanda''': É a relação entre a '''potência utilizada''' e a '''potência instalada''': | ||
fd = | fd = P<sub>utilizada</sub> / P<sub>instalada</sub> | ||
===Cálculo da demanda em instalações residenciais=== | |||
A demanda em instalações residenciais pode ser calculada pela expressão: | |||
D<sub>instalação</sub> = (P<sub>iluminação</sub> + P<sub>TUG</sub>) . fd<sub>1</sub> + P<sub>TUE</sub> . fd<sub>2</sub> <ref name="CAVALIN">CAVALIN, G; CERVELIN, S. Instalações Elétricas Prediais, Curitiba: Base Editorial, 2010.</ref> | |||
:Onde: | |||
*D<sub>instalação</sub> (W): Demanda da instalação; | |||
*P<sub>iluminação</sub> (W): Potência instalada dos circuitos de iluminação; | |||
*P<sub>TUG</sub> (W): Potência instalada dos circuitos de tomadas de uso geral; | |||
*P<sub>TUE</sub> (W): Potência instalada dos circuitos de tomadas de uso específico; | |||
*fd<sub>1</sub> e fd<sub>2</sub>: Fatores de demanda, obtidos a partir de tabelas. | |||
;Fator de Demanda para iluminação e TUG: Tabela '''fd<sub>1</sub>''': <ref name="CREDER"/>: | |||
{| border="1" cellpadding="2" | {| border="1" cellpadding="2" | ||
! style="width: 255px;" |Potência instalada (kW) | ! style="width: 255px;" |Potência instalada (kW) | ||
Linha 130: | Linha 140: | ||
| Acima de 10||24 | | Acima de 10||24 | ||
|} | |} | ||
--> | |||
;Fator de Demanda para TUE: Tabela '''fd<sub>2</sub>''': <ref name="CREDER"/>: | |||
{| border="1" cellpadding="2" | |||
! style="width: 255px;" |Número de circuitos TUE | |||
! style="width: 25<ref name="CREDER"/>5px;" |Fator de demanda (%) | |||
|- | |||
| 1 ||100 | |||
|- | |||
| 2||100 | |||
|- | |||
| 3||84 | |||
|- | |||
| 4||76 | |||
|- | |||
| 5||70 | |||
|- | |||
| 6||65 | |||
|- | |||
| 7||60 | |||
|- | |||
| 8||57 | |||
|- | |||
| 9||54 | |||
|- | |||
| 10||52 | |||
|- | |||
| > 10||Ver tabelas <ref name="CREDER"/> <ref name="CAVALIN"/> | |||
|} | |||
====Exercício 4==== | |||
Determinar a '''demanda da instalação''' (kW) a partir da '''potência instalada''' de '''iluminação''', '''TUG''' e '''TUE'''. | |||
==Definição do tipo de fornecimento de energia== | ==Definição do tipo de fornecimento de energia== | ||
O tipo de fornecimento de energia é determinado em função da ''' | O tipo de fornecimento de energia é determinado em função da '''demanda da instalação'''. | ||
Para determinar o tipo de fornecimento deve-se seguir o seguinte roteiro: | Para determinar o tipo de fornecimento deve-se seguir o seguinte roteiro: | ||
#Determinar a '''potência instalada''' do consumidor | #Determinar a '''potência instalada''' do consumidor e a '''demanda da instalação'''; | ||
#Verificar se há cargas que utilizem mais de uma fase (por exemplo: ar-condicionado 220V, motor trifásico, etc); | #Verificar se há cargas que utilizem mais de uma fase (por exemplo: ar-condicionado 220V, motor trifásico, etc); | ||
#Enquadrar segundo as normas da concessionária local. | #Enquadrar segundo as normas da concessionária local. | ||
Linha 144: | Linha 184: | ||
;Tipo de fornecimento em tensão secundária de distribuição: 127V/220V Copel <ref name="COPEL"/>: | ;Tipo de fornecimento em tensão secundária de distribuição: 127V/220V Copel <ref name="COPEL"/>: | ||
* | *D<sub>instalação</sub> < 8 kW → Monofásico; | ||
*8 kW < | *8 kW < D<sub>instalação</sub> < 14 kW → Bifásico; | ||
*14 kW < | *14 kW < D<sub>instalação</sub> < 76 kW → Trifásico. | ||
;Fornecimento em tensão primária: 13,8 kV: | ;Fornecimento em tensão primária: 13,8 kV: | ||
* | *D<sub>instalação</sub> > 76 kW → Consumidor primário. | ||
:Neste caso o consumidor deverá ter transformador próprio. | :Neste caso o consumidor deverá ter transformador próprio. | ||
===Dispositivo de proteção e entrada de energia=== | ===Dispositivo de proteção e entrada de energia=== | ||
Verificar | Verificar a [[Mídia:COPEL-TabelaDimensionamento.pdf | Tabela de Dimensionamento]] da concessionária de energia local para definir: | ||
*Disjuntor de proteção geral (A); | *Disjuntor de proteção geral (A); | ||
*Área da seção transversal do fio (mm<sup>2</sup>) do ramal de ligação (do poste ao medidor); | *Área da seção transversal do fio (mm<sup>2</sup>) do ramal de ligação (do poste ao medidor); | ||
Linha 160: | Linha 200: | ||
*Área da seção transversal do fio (mm<sup>2</sup>) de aterramento. | *Área da seção transversal do fio (mm<sup>2</sup>) de aterramento. | ||
====Exercício | ====Exercício 5==== | ||
Determinar o tipo de fornecimento (monofásico, bifásico ou trifásico) para a instalação, bem como a bitola dos condutores para a entrada de energia, dispositivo de proteção geral e bitola dos eletrodutos. | Determinar o tipo de fornecimento (monofásico, bifásico ou trifásico) para a instalação, bem como a bitola dos condutores para a entrada de energia, dispositivo de proteção geral e bitola dos eletrodutos. | ||
Linha 167: | Linha 207: | ||
Depois de definir todos os pontos de utilização da energia elétrica da instalação, calcular a potência instalada e definir o tipo de fornecimento, procede-se a '''divisão da instalação em circuitos''' independentes. | Depois de definir todos os pontos de utilização da energia elétrica da instalação, calcular a potência instalada e definir o tipo de fornecimento, procede-se a '''divisão da instalação em circuitos''' independentes. | ||
Cada circuito terá um '''disjuntor de proteção''' separado | Cada circuito terá um '''disjuntor de proteção''' separado, um conjunto de condutores e pontos de consumo ligados ao mesmo. | ||
Importância da divisão em circuitos: | Importância da divisão em circuitos: | ||
Linha 175: | Linha 214: | ||
*Facilita a instalação; | *Facilita a instalação; | ||
*Permite desligar um circuito sem afetar a energia dos demais. | *Permite desligar um circuito sem afetar a energia dos demais. | ||
Antes de dividir em circuitos, verificar a localização do '''quadro de distribuição''' na planta. Numa residência de dois pavimentos, alocar um quadro de distribuição em cada pavimento. | |||
;Localização do Quadro de Distribuição: | |||
*Local de fácil acesso (não deve ser escondido por quadros ou atrás de portas); | |||
*Proximidade geométrica das cargas; | |||
*Proximidade do ponto de entrada da alimentação elétrica. | |||
;Critérios para divisão em circuitos: | ;Critérios para divisão em circuitos: | ||
*Devem ser previstos circuitos independentes para equipamentos com corrente nominal superior a 10 A, como chuveiros, aquecedores de água, aparelhos de ar-condicionado, etc; | *Devem ser previstos circuitos independentes para equipamentos com corrente nominal superior a 10 A, como chuveiros, aquecedores de água, aparelhos de ar-condicionado, etc; | ||
*Prever circuito individuais | *Prever circuito individuais para as tomadas da cozinha e da área de serviço; | ||
*Prever circuito individuais | *Prever circuito individuais para as tomadas dos demais cômodos; | ||
*A potência máxima de cada circuito de iluminação deve-se limitar-se 1270 W (127 V) e 2200 W (220V); | *A potência máxima de cada circuito de iluminação deve-se limitar-se 1270 W (127 V) e 2200 W (220V); | ||
*A potência máxima de cada circuito de tomadas deve-se limitar-se 2100 W (127 V) e 4000 W (220V); | *A potência máxima de cada circuito de tomadas deve-se limitar-se 2100 W (127 V) e 4000 W (220V); | ||
====Exercício 5==== | ===Exemplo de projeto=== | ||
[[Arquivo:ProjetoEletrico-DiagramaUnifilar.jpg]] <ref>http://paginapessoal.utfpr.edu.br/trojan/desenho-aux.-comput/Projetos-1.jpg/view</ref> | |||
====Exercício 6==== | |||
#Posicionar o '''Quadro de Distribuição''' na planta baixa, um em cada pavimento; | |||
#Definir a passagem do '''eletroduto''' para a entrada de energia; | |||
#Verificar a passagem do '''eletroduto que sobe''' interligando os Quadro de Distribuição do piso inferior e superior; | |||
#Definir os '''eletrodutos''' para levar a energia aos diferentes circuitos e os pontos de consumo; | |||
#Construir o '''diagrama unifilar''' indicando os condutores que passarão pelos eletrodutos, incluindo '''fases, neutro, terra e retornos'''. | |||
==Seção dos condutores de cada circuito== | |||
Três critérios devem ser aplicados: | |||
#Seção mínima permitida; | |||
#Capacidade de condução de corrente; | |||
#Queda de tensão. | |||
===Seção mínima dos condutores por circuito=== | |||
Considera-se para a instalação elétrica condutores de cobre isolados. | |||
Para circuitos monofásicos ou bifásicos a seção dos condutores fase e neutro deve ser a mesma. | |||
{| border=1 cellpadding=2 | |||
!Utilização do circuito | |||
!Seção mínima do condutor | |||
|- | |||
| Circuito de Iluminação || 1,5 mm2 | |||
|- | |||
| Circuito de força || 2,5 mm2 | |||
|- | |||
| Equipamento específico || Conforme especificação do equipamento | |||
|- | |||
| Circuito de sinalização ou controle || 0,5 mm2 | |||
|} | |||
===Capacidade de condução de corrente dos condutores=== | |||
Leva em consideração os efeitos térmicos da corrente circulando nos condutores. | |||
A capacidade de condução de corrente é determinada por tabelas indicadas pela Norma NBR 5410/2004 e leva em consideração o tipo de instalação a ser realizada: | |||
*Para condutores isolados em eletroduto embutido na parede → Método de Referência A1. | |||
*Para condutores isolados em eletroduto aparente na parede → Método de Referência B1. | |||
**[[Mídia:Dimensionamento-Condutores&Eletrodutos.pdf|Norma para Dimensionamento de Condutores e Eletrodutos]]. | |||
Para instalações monofásicas ou bifásicas considera-se 2 condutores carregados (fase e neutro). | |||
===Queda de tensão=== | |||
Quanto mais longe do quadro de distribuição estiver uma carga, maior será a queda de tensão ao longo do condutor. Portanto, a Norma NBR 5410/2004 prevê fórmulas e tabelas para determinar a seção mínima dos condutores. | |||
Para pequenas distâncias entre o quadro de distribuição e o ponto de carga, como em residências de até 70 m<sup>2</sup>, normalmente o cálculo da queda de tensão não influenciará na seção mínima dos condutores. Entretanto, caso haja dúvidas, um engenheiro eletricista ou técnico em eletrotécnica deve ser consultado. | |||
====Exercício 7==== | |||
Determine a a seção dos condutores para cada circuito. | |||
==Dimensionamento dos eletrodutos== | |||
Os eletrodutos devem ser dimensionados em função da seção dos condutores e do número de condutores no eletroduto. | |||
O dimensionamento leva em consideração a área de ocupação da seção transversal do eletroduto pelos condutores, a qual não pode ultrapassar a 40% de ocupação. | |||
*Em uma instalação elétrica o eletroduto deve ter um diâmetro mínimo de 20 mm. | |||
Equivalência dos padrões de medida dos eletrodutos: | |||
*20 mm -> 1/2' | |||
*25 mm -> 3/4' | |||
*32 mm -> 1' | |||
Tabelas auxiliam no dimensionamento dos eletrodutos: | |||
*[[Mídia:Dimensionamento-Condutores&Eletrodutos.pdf|Norma para Dimensionamento de Condutores e Eletrodutos]] | |||
====Exercício 8==== | |||
Dimensionar os eletrodutos para todos os circuitos da instalação. | |||
==Proteção dos Circuitos== | |||
Cada circuito elétrico deve ser protegido com um dispositivo de proteção. O mais utilizado em instalações residenciais é a proteção de sobrecorrente através de um '''disjuntor'''. | |||
;Conceitos: | |||
*'''Corrente nominal''': É a maior corrente conduzida pelo disjuntor em operação normal; | |||
*'''Sobrecorrente''': Valores que excedem a corrente nominal. Tem origem quando é solicitada uma corrente que ultrapassa os valores de projeto em em caso de curto-circuito. | |||
;Disjuntor termomagnético: Pode ser utilizado em manobra manual para desligar um circuito. | |||
Desarma em caso de sobrecorrente. | |||
A Norma NBR 5361/1998 fornece a capacidade de atuação dos disjuntores termomagnéticos: | |||
{| border=1 cellpadding=2 | |||
!Disjuntores | |||
!Correntes nominais (A) | |||
|- | |||
| Unipolares || 10 15 20 25 30 35 40 50 ... | |||
|- | |||
| Bipolares/Tripolares || 10 15 20 25 30 35 40 50 ... | |||
|} | |||
====Exercício 9==== | |||
Determine o valor nominal do disjuntor de proteção de cada circuito. | |||
==Diagrama Unifilar dos Circuitos== | |||
Além do projeto elétrico detalhado na planta baixa, é importante detalhar o projeto com um '''diagrama unifilar''' dos diversos circuitos da residência. Este diagrama é importante para facilitar a montagem da instalação elétrica no '''quadro de distribuição'''. | |||
Neste diagrama unifilar é importante indicar a entrada de energia, o disjuntor geral, os diversos circuitos que compõe a instalação, o número de condutores de cada circuito, a bitola dos fios e o dispositivo de proteção. | |||
;Exemplo de diagrama unifilar de uma instalação elétrica: | |||
[[Arquivo:DiagramaUnifilar.png]] | |||
====Exercício 10==== | |||
Construir um diagrama unifilar com o resumo dos circuitos da instalação. | |||
==Quadro de cargas== | |||
O [[Mídia:CalculoCargas.ods|'''quadro de cargas''']] Fornece um resumo da instalação elétrica, indicando a quantidade de pontos de iluminação, tomadas, seção dos condutores e dispositivos de proteção. | |||
[[Arquivo:QuadroCargas.png]] | |||
====Exercício 11==== | |||
Construir o quadro de carga da instalação. | |||
==Referências== | ==Referências== |
Edição atual tal como às 13h28min de 16 de novembro de 2015
Projeto de Instalação Elétrica Predial
O projeto de uma instalação elétrica predial especifica a localização dos pontos de energia elétrica, trajeto dos condutores, divisão dos circuitos, seção dos condutores e eletrodutos, dispositivos de comando e proteção, carga total, etc [1].
O projeto de uma instalação elétrica compreende as seguintes partes [1]:
- Memorial descritivo: Onde o projetista descreve sua solução;
- Plantas, esquemas e detalhes: Descreve os elementos para a execução do projeto;
- Especificações: Descreve os materiais e componentes a serem utilizados;
- Orçamento: Descreve o levantamento de custos e quantidades dos materiais.
Símbolos utilizados
A simbologia para instalações elétricas no Brasil era baseada na norma da ABNT NBR 5444/1989. Entretanto, esta norma foi cancelada em novembro de 2014 [2], passando-se a utilizar a normatização internacional IEC 60417 e IEC 60617.
Como os livros texto sobre instalações elétricas prediais ainda utilizam a normatização da ABNT NBR 5444, em nosso projeto elétrico esta simbologia poderá ser utilizada.
Exercício 1
Escolher planta baixa residencial de dois pavimentos para elaboração do projeto elétrico:
- Editar com AutoCAD e "limpar" a planta de detalhes que possam atrapalhar a visualização do projeto elétrico;
- Imprimir cópia em papel no formato A3 (no mínimo) para realizar o esboço do projeto.
Previsão de Cargas
Iluminação
Pelo menos uma lâmpada no teto em cada cômodo.
Aconselha-se pelo menos uma arandela (lâmpada na parede) em cada banheiro.
Potência prevista para a iluminação:
- Área < 6 m2 → 100 W;
- Área > 6 m2 → 100 W nos primeiros 6 m2 + 60 W cada 4 m2 inteiros.
Tomadas
O número de tomadas depende do tamanho e da utilização do local.
- Banheiro
- Uma tomada próximo ao lavatório (1,20 m de altura);
- Uma tomada para o chuveiro (2,20 m de altura).
- Cozinha
- Pelo menos duas tomadas sobre a bancada (1,20 m de altura);
- Pelo menos um ponto para cada 3,50 m de perímetro ou fração;
- Prever pontos de tomada próximo a equipamentos especiais (forno elétrico, lavadora de louça, exaustor, torneira elétrica, etc).
- Varanda
- Pelo menos uma tomada (0.30 m de altura), se não for possível a instalação do ponto deve ser próxima ao seu acesso.
- Sala e dormitórios
- Pelo menos uma tomada para cada 5 m de perímetro ou fração (0.30 m de altura);
- Prever pontos de tomada em número suficiente para equipamentos especiais na sala (TV, DVD, TV a cabo, aparelho de som, etc).
- Demais cômodos
- Pelo menos uma tomada por cômodo e pelo menos uma tomada para cada 5 m de perímetro ou fração (0.30 m de altura).
Exercício 2
Definir sobre a planta baixa a previsão de cargas de iluminação e força para todos os cômodos da casa, utilizando a simbologia apropriada.
Potência elétrica das tomadas
- Banheiro, cozinha, copa e área de serviço: atribuir 600 W por ponto de tomada até três pontos e 100 W para cada ponto restante do ambiente;
- Demais cômodos atribuir 100 W por ponto de tomada;
- Equipamentos de uso específico, com corrente nominal maior que 10 A, deve ser atribuido a potência nominal do aparelho.
- Tomadas de uso geral (TUG)
- São tomadas para uso geral, incluindo eletrodomésticos móveis, como aparelhos de som, abajures, secadores de cabelo, furadeiras, etc.
- Tomadas de uso específico (TUE)
- São tomadas para uso específico, dimensionadas em função da potência do aparelho, como chuveiros, fornos elétricos, secadoras de roupa, torneiras elétricas, etc.
- Potência de alguns equipamentos
Equipamento | Potência elétrica (W) |
---|---|
Aquecedor de água (100 a 500 litros) | 3000 W a 12000 W |
Chuveiro elétrico | 4000 W a 7000 W |
Ar-condicionado 9000 BTU | 1200 W |
Ar-condicionado 12000 BTU | 1500 W |
Cálculo da potência instalada
Uma tabela para cálculo da potência instalada deve acompanhar o projeto elétrico predial.
Exrcício 3
Construir a tabela para cálculo da potência instalada.
Demanda de energia da instalação elétrica
A potência consumida na instalação elétrica é variável no decorrer do dia e raramente se utilizam todos os pontos de luz e tomadas ao mesmo tempo. Em pequenas residências é mais provável que isto aconteça do em grandes moradias [1].
O fator de demanda é um percentual que deve ser multiplicado a potência instalada para se obter a potência provável que realmente será utilizada na instalação.
- Conceitos
- Potência instalada (Pinstalada): É a soma das potências nominais prevista para ser atendida pelos circuitos da instalação.
- Potência utilizada (Putilizada): É a somas das potências elétricas nominais dos equipamentos utilizados simultaneamente.
- Fator de Demanda: É a relação entre a potência utilizada e a potência instalada:
fd = Putilizada / Pinstalada
Cálculo da demanda em instalações residenciais
A demanda em instalações residenciais pode ser calculada pela expressão:
Dinstalação = (Piluminação + PTUG) . fd1 + PTUE . fd2 [3]
- Onde:
- Dinstalação (W): Demanda da instalação;
- Piluminação (W): Potência instalada dos circuitos de iluminação;
- PTUG (W): Potência instalada dos circuitos de tomadas de uso geral;
- PTUE (W): Potência instalada dos circuitos de tomadas de uso específico;
- fd1 e fd2: Fatores de demanda, obtidos a partir de tabelas.
- Fator de Demanda para iluminação e TUG
- Tabela fd1: [1]:
Potência instalada (kW) | Fator de demanda (%) |
---|---|
Até 1 | 80 |
De 1 a 2 | 75 |
De 2 a 3 | 65 |
De 3 a 4 | 60 |
De 4 a 5 | 50 |
De 5 a 6 | 45 |
De 6 a 7 | 40 |
De 7 a 8 | 35 |
De 8 a 9 | 30 |
De 9 a 10 | 27 |
Acima de 10 | 24 |
- Fator de Demanda para TUE
- Tabela fd2: [1]:
Número de circuitos TUE | Fator de demanda (%) |
---|---|
1 | 100 |
2 | 100 |
3 | 84 |
4 | 76 |
5 | 70 |
6 | 65 |
7 | 60 |
8 | 57 |
9 | 54 |
10 | 52 |
> 10 | Ver tabelas [1] [3] |
Exercício 4
Determinar a demanda da instalação (kW) a partir da potência instalada de iluminação, TUG e TUE.
Definição do tipo de fornecimento de energia
O tipo de fornecimento de energia é determinado em função da demanda da instalação.
Para determinar o tipo de fornecimento deve-se seguir o seguinte roteiro:
- Determinar a potência instalada do consumidor e a demanda da instalação;
- Verificar se há cargas que utilizem mais de uma fase (por exemplo: ar-condicionado 220V, motor trifásico, etc);
- Enquadrar segundo as normas da concessionária local.
- A Copel utiliza a Norma NTC 901100[4] para fornecimento em tensão secundária de distribuição:
- Tipo de fornecimento em tensão secundária de distribuição
- 127V/220V Copel [4]:
- Dinstalação < 8 kW → Monofásico;
- 8 kW < Dinstalação < 14 kW → Bifásico;
- 14 kW < Dinstalação < 76 kW → Trifásico.
- Fornecimento em tensão primária
- 13,8 kV:
- Dinstalação > 76 kW → Consumidor primário.
- Neste caso o consumidor deverá ter transformador próprio.
Dispositivo de proteção e entrada de energia
Verificar a Tabela de Dimensionamento da concessionária de energia local para definir:
- Disjuntor de proteção geral (A);
- Área da seção transversal do fio (mm2) do ramal de ligação (do poste ao medidor);
- Área da seção transversal do fio (mm2) do ramal de entrada (do medidor ao quadro de distribuição);
- Diâmetro do eletroduto (mm ou pol) do ramal de entrada;
- Área da seção transversal do fio (mm2) de aterramento.
Exercício 5
Determinar o tipo de fornecimento (monofásico, bifásico ou trifásico) para a instalação, bem como a bitola dos condutores para a entrada de energia, dispositivo de proteção geral e bitola dos eletrodutos.
Divisão da instalação em circuitos
Depois de definir todos os pontos de utilização da energia elétrica da instalação, calcular a potência instalada e definir o tipo de fornecimento, procede-se a divisão da instalação em circuitos independentes.
Cada circuito terá um disjuntor de proteção separado, um conjunto de condutores e pontos de consumo ligados ao mesmo.
Importância da divisão em circuitos:
- A queda de tensão e a corrente nominal serão menores;
- Permite utilizar condutores de menor seção e dispositivos de proteção menores;
- Facilita a instalação;
- Permite desligar um circuito sem afetar a energia dos demais.
Antes de dividir em circuitos, verificar a localização do quadro de distribuição na planta. Numa residência de dois pavimentos, alocar um quadro de distribuição em cada pavimento.
- Localização do Quadro de Distribuição
- Local de fácil acesso (não deve ser escondido por quadros ou atrás de portas);
- Proximidade geométrica das cargas;
- Proximidade do ponto de entrada da alimentação elétrica.
- Critérios para divisão em circuitos
- Devem ser previstos circuitos independentes para equipamentos com corrente nominal superior a 10 A, como chuveiros, aquecedores de água, aparelhos de ar-condicionado, etc;
- Prever circuito individuais para as tomadas da cozinha e da área de serviço;
- Prever circuito individuais para as tomadas dos demais cômodos;
- A potência máxima de cada circuito de iluminação deve-se limitar-se 1270 W (127 V) e 2200 W (220V);
- A potência máxima de cada circuito de tomadas deve-se limitar-se 2100 W (127 V) e 4000 W (220V);
Exemplo de projeto
Exercício 6
- Posicionar o Quadro de Distribuição na planta baixa, um em cada pavimento;
- Definir a passagem do eletroduto para a entrada de energia;
- Verificar a passagem do eletroduto que sobe interligando os Quadro de Distribuição do piso inferior e superior;
- Definir os eletrodutos para levar a energia aos diferentes circuitos e os pontos de consumo;
- Construir o diagrama unifilar indicando os condutores que passarão pelos eletrodutos, incluindo fases, neutro, terra e retornos.
Seção dos condutores de cada circuito
Três critérios devem ser aplicados:
- Seção mínima permitida;
- Capacidade de condução de corrente;
- Queda de tensão.
Seção mínima dos condutores por circuito
Considera-se para a instalação elétrica condutores de cobre isolados.
Para circuitos monofásicos ou bifásicos a seção dos condutores fase e neutro deve ser a mesma.
Utilização do circuito | Seção mínima do condutor |
---|---|
Circuito de Iluminação | 1,5 mm2 |
Circuito de força | 2,5 mm2 |
Equipamento específico | Conforme especificação do equipamento |
Circuito de sinalização ou controle | 0,5 mm2 |
Capacidade de condução de corrente dos condutores
Leva em consideração os efeitos térmicos da corrente circulando nos condutores.
A capacidade de condução de corrente é determinada por tabelas indicadas pela Norma NBR 5410/2004 e leva em consideração o tipo de instalação a ser realizada:
- Para condutores isolados em eletroduto embutido na parede → Método de Referência A1.
- Para condutores isolados em eletroduto aparente na parede → Método de Referência B1.
Para instalações monofásicas ou bifásicas considera-se 2 condutores carregados (fase e neutro).
Queda de tensão
Quanto mais longe do quadro de distribuição estiver uma carga, maior será a queda de tensão ao longo do condutor. Portanto, a Norma NBR 5410/2004 prevê fórmulas e tabelas para determinar a seção mínima dos condutores.
Para pequenas distâncias entre o quadro de distribuição e o ponto de carga, como em residências de até 70 m2, normalmente o cálculo da queda de tensão não influenciará na seção mínima dos condutores. Entretanto, caso haja dúvidas, um engenheiro eletricista ou técnico em eletrotécnica deve ser consultado.
Exercício 7
Determine a a seção dos condutores para cada circuito.
Dimensionamento dos eletrodutos
Os eletrodutos devem ser dimensionados em função da seção dos condutores e do número de condutores no eletroduto.
O dimensionamento leva em consideração a área de ocupação da seção transversal do eletroduto pelos condutores, a qual não pode ultrapassar a 40% de ocupação.
- Em uma instalação elétrica o eletroduto deve ter um diâmetro mínimo de 20 mm.
Equivalência dos padrões de medida dos eletrodutos:
- 20 mm -> 1/2'
- 25 mm -> 3/4'
- 32 mm -> 1'
Tabelas auxiliam no dimensionamento dos eletrodutos:
Exercício 8
Dimensionar os eletrodutos para todos os circuitos da instalação.
Proteção dos Circuitos
Cada circuito elétrico deve ser protegido com um dispositivo de proteção. O mais utilizado em instalações residenciais é a proteção de sobrecorrente através de um disjuntor.
- Conceitos
- Corrente nominal: É a maior corrente conduzida pelo disjuntor em operação normal;
- Sobrecorrente: Valores que excedem a corrente nominal. Tem origem quando é solicitada uma corrente que ultrapassa os valores de projeto em em caso de curto-circuito.
- Disjuntor termomagnético
- Pode ser utilizado em manobra manual para desligar um circuito.
Desarma em caso de sobrecorrente.
A Norma NBR 5361/1998 fornece a capacidade de atuação dos disjuntores termomagnéticos:
Disjuntores | Correntes nominais (A) |
---|---|
Unipolares | 10 15 20 25 30 35 40 50 ... |
Bipolares/Tripolares | 10 15 20 25 30 35 40 50 ... |
Exercício 9
Determine o valor nominal do disjuntor de proteção de cada circuito.
Diagrama Unifilar dos Circuitos
Além do projeto elétrico detalhado na planta baixa, é importante detalhar o projeto com um diagrama unifilar dos diversos circuitos da residência. Este diagrama é importante para facilitar a montagem da instalação elétrica no quadro de distribuição.
Neste diagrama unifilar é importante indicar a entrada de energia, o disjuntor geral, os diversos circuitos que compõe a instalação, o número de condutores de cada circuito, a bitola dos fios e o dispositivo de proteção.
- Exemplo de diagrama unifilar de uma instalação elétrica
Exercício 10
Construir um diagrama unifilar com o resumo dos circuitos da instalação.
Quadro de cargas
O quadro de cargas Fornece um resumo da instalação elétrica, indicando a quantidade de pontos de iluminação, tomadas, seção dos condutores e dispositivos de proteção.
Exercício 11
Construir o quadro de carga da instalação.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 CREDER, E. Instalações Elétricas, Rio de Janeiro, LTC, 2013.
- ↑ ABNT NBR 544/1989 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=4116
- ↑ 3,0 3,1 CAVALIN, G; CERVELIN, S. Instalações Elétricas Prediais, Curitiba: Base Editorial, 2010.
- ↑ 4,0 4,1 COPEL, NTC 901100, Norma para fornecimento em tensão secundária de distribuição, 2012. http://www.copel.com/hpcopel/normas/ntcarquivos.nsf/A8DE24D3D6A5BA0703257AA90059B7C3/$FILE/NTC901100Vversao%20170511.pdf
- ↑ http://paginapessoal.utfpr.edu.br/trojan/desenho-aux.-comput/Projetos-1.jpg/view
--Evandro.cantu (discussão) 11h03min de 25 de setembro de 2015 (BRT)